É sempre com muita apreensão que olhamos para a programação do canal 4, vulgarmente chamado de TVI. O medo parte de uma má gestão de recursos e uso indevido de programas de grande qualidade em horários impróprios para consumo, ou seja depois das três da manhã, deixando o lixo a boiar no horário nobre.
Por isso foi com muito receio que assisti à estreia da nova produção da NBP, Mistura Fina. Tudo porque, tradicionalmente, as telenovelas portuguesas, especialmente as deste canal, são aquilo que se pode considerar uma miséria. Os enredos são, quase sempre de segunda ou terceira categoria, apela-se à lágrima e à piada fácil, e pelo meio injecta-se pelo menos um grupo de criancinhas. E já está...sem grande esforço, mais uma novela.
Poucas ou nenhumas vezes se consegue olhar para um produto deste género mais do que 5 minutos. E depois do desastre ambulante que está a ser esta terceira série dos Morangos com Açúcar, com um enredo e uns actores que ninguém sabe de onde sairam, só se podia esperar o pior da nova produção.
Por isso, foi com algum gozo que me sentei para assistir a mais uma desgraça. E o tiro saiu-me pela culatra!
Mistura Fina está cheia de pequenos pormenores deliciosos, de actores que parecem finalmente saberem o que estão a fazer e de um enredo, que se bem explorado, pode vir a dar muitos e muitos frutos. E melhor, não há tempos mortos, pois em todas as cenas acontece alguma coisa. Até o rapazinho a cargo da personagem Dinis, o carissimo, Rodrigo Menezes, consegue dar realismo à coisa. E mais... os actores tem química entre eles, oq ue por vezes como bem sabem, nas nossas novelas, só acontece a poder de empurrão.
É claro que ainda estamos nos primeiros episódios, mas se tudo continuar assim, pela primeira vez em muitos anos, vou entregar-me a uma história que parece ir ter um bocadinho de tudo. Isto claro, se não começarem a exagerar com os momentos de humor forçado e a fazer barriga na história- ou seja começar a encher chouriços quando não há já nada para contar...se querem um exemplo do que é barriga, vejam as Queridas Feras, que há mais de 100 episódios não passa do mesmo, ou a Baia das Mulheres aquela sopeirisse que desde o episódio 3 está fadada a adormecer os incautos.
O certo é que esta Mistura está a ser uma boa supresa. Só espero não me enganar
Depois da desilusão que havia sido o forçado espectáculo dos The Corrs, no Pavilhão Atlântico, era com muito medo que me dirigia a esta sala para ver a Anastacia. Tudo porque parecia que tudo continuava tão desorganizado como antes. Felizmente enganei-me e às 21h30 começou o último espectáculo desta nova diva- a tourné fechou por agora.
Não se esperava uma explosão de dançarinos, cor e versões estravagantes de canções conhecidas, mas um bom concerto cheio de garra, força e acima de tudo muitas músicas conhecidas. Anastacia fez por isso e ao fim de apenas 3 canções tinha a sala completamente conquistada. Seasons Change que abriu o espectáculo, com a histeria do público a ir mais além que a voz da cantora provou que este era certamente um dos concertos mais aguardados deste ano.
A voz, essa parecia imaculada. Era como se se ouvisse um disco. Anastacia não erra uma nota e parece não demonstrar cansaço mesmo depois de ter que dançar com os seus acompanhantes. Sucesso após sucesso a cantora entrega-se a um espectáculo que apesar de simples, vive de uma voz que parece não ter fim: Why You'd Lie To Me, You'll Never Be Alone, Freak of Nature, Sick and Tired e Welcome to My Truth são apenas exemplos de canções que fizeram as vozes do pavilhão atlântico gritar um pouco mais. O público esse entregou-se de imediato. Uma entrega que a cantora agradeceu ora em inglês ora num português mais que macarrónico.
Anastacia pode ter sido mais uma vítima do cancro da mama, aliás como fez questão de frizar, mas a garra desta mulher pode ter sido a única coisa que a salvou. Como homenagem ficou Heavy on My Heart, o próximo single.
E depois estávamos no fim.
É verdadeque houve uns momentos menos bons, como a versão para esquecer do grande êxito Not That Kind que foi transformada numa aberração Funk disparata e ainda duas músicas cantadas com o coro. Fora isso, não há nada a apontar.
Para o fim dos grandes êxitos, Left Ouside Alone- que o público conseguiu fazer com que a cantora se deixasse de ouvir por completo-, One Day in Your Life- que provou que Vanessa da Academia de Estrelas é uma voz que não devemos esquecer - e I'm Outta Love.
Nota a quem gostou do último CD da cantora: I do ao vivo é provavelmente um dos melhores momentos de todo o espectáculo- tirando as imagens das criancinhas desgraçadas que surgem frame após frame.
Passavam apenas alguns minutos, talvez até segundos, quando a música ambiente se fez sentir no Pavilhão Altantico. A sala bem composta embora não a rebentar pelas costuras agitava-se. E aos primeiros acordes e ao abanar das sombras, fizeram-se ouvir os iniciais aplausos... e as poucas pessoa na plateia em pé, correram para a frente tentando de forma sonhada agarrar os The Corrs que pela segunda vez visitaram o nosso país- originalmente haviam sido acolhifdos em Braga.
Uma visita que certamente vão levar para sempre na memória... pelo desastre que foi! Não culpo claro a banda, que mais uma vez demonstrou ser mais que um grupo pop rock, que embebe as suas músicas em ritmos celtas e irlandeses, mas sim mestres na arte do "ao vivo", mas a organização deficiente de um evento que em poucos segundos mostrou que aquilo era tudo menos um concerto. A começar pelas milhares de cadeiras colocadas na plateia. Se bem que esta não era a primeira tentativa de tentar fazer sentar um pavihão, foi sem dúvida a mais estranha. Quem se lembra do concerto de Enrique Iglesias lembra-se certamente das cadeiras, que raramente durante as duas horas estiveram ocupadas...quer na plateia quer nas bancadas. Pois desta vez, os amantes de um bom concerto tiveram que contentar-se com um simples show... sem fogo, palmas, pulos ou loucuras, porque não era permitido estar em pé durante todo o espectáculo. Sim, estou a falar de um concerto rock, de uma das bandas mais live que existe... e de música irlandesa que consegue pôr o pé do menos dançante a saltitar ao fim de poucos segundos.
E os Corrs não hesitaram em demonstrar que são excelentes ao vivo, soltando hit atrás de hit, como Runnaway, Forgiven Not Forgoten, What Can I do ou Only When I Sleep, puxando constantemente por um público que não parecia estar a viver em Portugal mas na Noruega, tal era a frieza com que os saltos e as danças improvisadas no palco eram recebidas... mas tal só aconteceu por culpa da organização que não deixava que as pessoas se soltassem. Nas bancadas a palavra de ordem era sentados ou rua. Na plateia o mesmo... com os seguranças à terceira música a expulsarem para as cadeiras os fãs mais novos da banda que se tinham juntado perto do palco. Resultado: um espectáculo gelado, pouco digno do público escaldante português, com Andrea a puxar por mais de dez mil pessoas impedidas de se soltarem por uma organização deficiente, que embora habituada a concertos, pois a Mùsica no Coração não é nova deste assunto, falhou rotundamente desta feita.
E acreditem que os músicos não hesitaram em puxar pelo público e de o pôr a cantar... que se fez ouvir muito timidamente como se nunca tivesse na rádio ouvido os hits da banda.
Só já a meio do espectáculo e com os mais novos já sem se conter (lembramos que havia público de todas as idades, estando os mais velhos mais excitados em alguns aspectos que muitos betos que estavam mais interessados em conversar que assistir prontamente ao espectáculo), é que o público se pôs de pé. Andrea pode agradecer à sua força enorme e garra cintilante e, claro, ao mega êxito So Young.
Depois sim...já parecia um concerto rock, ainda que a voz da vocalista, a esta altura estivesse um pouco à quem do habitual. Depois vieram as últimas músicas e o encore. Breathless foi cantado (finalmente, depois de um encore pedido com muitas palmas e barulho- subitamente todos acordaram e lembraram-se afinal quem é o povo português) em plenos pulmões, mas já era tarde e a banda tinha que se despedir.
No fim ficou a excelente prestação da banda que provou ser excelente ao vivo e a péssima recepção quer do público, cheio de gente sem perceber bem o que é um concerto e que tratou a banda muito friamente até mais de meio do show e uma organização que não permitiu aos muitos apreciadores da música expressar o seu amor inconcidional pela banda.
Há Música no Coração e ao Pavilhão Atlântico não mais que uma nota 1... valor que surge pela simpatia com que tentaram fazer-se explicar em vão ás pessoas fartas de serem tratadas como se estivessem a ver a Diana Krall sentada em frente ao piano. Depois desta é de duvidar que se volte a tolerar uma coisa como esta.
Deixem a música passar...dos Corrs ou outro qualquer, mas em pé minha gente!