Juro, que há dias que só me apetece atirar-me da ponte.
Não é que a minha vida pessoal corra mal, porque não é verdade. Mas porque já não aguento certas pretenções de algumas pessoas que fui conhecendo ao longo da vida. E acreditem...foram algumas!
Vivem para a ostentação, para mostrarem o quanto são boas, fantásticas e maravilhosas e para desdenharem tudo o que os outros fazem, dizem, pensam ou sentem. Seja a vida que levas, o que vestes, o que pensas, o que imaginas um dia venha a ser a vida.
O pior é que depois, quando analisadas com um pouco de atenção, revelam-se, regra geral pessoas vazias, sem ideais políticos, ideias brilhantes, ou um mínimo pensamento original. Recitam jornais, ideias de outros, mas nada de verdadeiramente original. São simplesmente uma montra de vidro com muitos reflexos. Nada mais. Vazios até ao mais infimo pormenor e sem a menor capacidade de brilhar realmente, alimentam-se do sol dos outros e rezam para que as nuvens nunca apareçam realmente, pois caso contrário...
Tudo o que tem é emprestado, reflectido, adquirido á força...
E o pior é que a idade tende a afastar-me dessas pessoas passo a passo. Não é que este género de criatura portuguesa tenha alg,o tipo peste bubónica. Bem longe disso, mas a verdade é que aquela pertenção absoluta me leva a gritar, gemer, e espenear, interiomente, de raiva. E como eu odeio isso! Faz-me sentir mal... só me apatece abaná-las e explicar-lhes que a vida não é feita de reflexos. Fi-lo uma vez, confesso. Preguei para o surdo, mudo e cego. Desisti.
Mas irritam-me!