Onde todos podem uivar o que quiserem... vejam por mim!

24
Set 06

Há sete décadas e meia, nascia, em Ferreira de Zêzere a minha tia.

Não vou aqui nomear o nome dela, mas posso-vos revelar que é um dos mais populares do mundo português.

Sete décadas e meia, que tenho a certeza foram ultrapassadas a passo e passo, enfrentando dificuldades, alegrias, amor, tristeza, e muitas dores de cabeça.

Ao contrário do que ainda mandavam as regras da altura, apaixonou-se cedo. Casou meses depois, com apenas 18 anos. Mudou-se para Lisboa onde descobriu que a vida na cidade não ia ser fácil, mas agarrou-a com genica.

Infelizmente os anos setenta, quando ela julgava estar preparada para tudo , que o pior já teria passado, e que agora só lhe restava acompanhar os filhos ao altar da igreja e educar os netos, mudaram-lhe a vida de uma assentada só. Perdeu o homem por quem se havia apaixonado ao primeiro olhar. Depois a mãe, apenas com dois anos de diferença, e um ano depois era internada para lhe retirarem os dois peitos.

Acho que muitas mulheres depois de 6 anos repletos de mudanças negativas na vida se deixariam ir. Afogar-se-iam na sua própria mágoa, ou simplesmente desistiriam de viver. Ela não. Agarrou-se com mais força e tratou de refazer-se como mulher. Educou filhos, sobrinhos e mais tarde netos. Manteve os seus hábitos. Continua a ir à igreja, ao supermercado, a fazer as suas voltinhas, apesar de nem sempre as pernas, cansadas ajudarem.

Há 3 dias fez 75 anos.

A mulher que conheci durante muitos anos como "ia", porque não sabia como lhe chamar. Os "ts" para mim eram um drama.

Confesso que hoje, se sou a pessoa que conhecem, deve-se certamente a ela que me aturou, e esta é uma palavra que deve ser encarada com força, até eu ter 5 anos. Foi ela e o filho que me ensinaram a contar, conhecer as letras e mais mil e uma coisas.

Dela recordo sempre as lágrimas que deixa cair sempre que fala do falecido marido. Uma paixão que ficou, mesmo depois de terem passado mais de 25 anos.

Dela lembro-me do reflesco de café, do avental de florinhas que pintei mil e uma vezes, das torradas, dos mimos, de a acordar das sestas para ela me fazer companhia, de agora sempre que telefona cá para casa pedir desculpa por me estar a acordar, apesar de já passar da uma da tarde, de mil e uma coisas...

A minha tia fez 75 anos e não me podia sentir orgulhoso desta mulher! Parabêns!

 

publicado por Psyhawk às 12:51

Juro, que há dias que só me apetece atirar-me da ponte.

Não é que a minha vida pessoal corra mal, porque não é verdade. Mas porque já não aguento certas pretenções de algumas pessoas que fui conhecendo ao longo da vida. E acreditem...foram algumas!

Vivem para a ostentação, para mostrarem o quanto são boas, fantásticas e maravilhosas e para desdenharem tudo o que os outros fazem, dizem, pensam ou sentem. Seja a vida que levas, o que vestes, o que pensas, o que imaginas um dia venha a ser a vida.

O pior é que depois, quando analisadas com um pouco de atenção,  revelam-se, regra geral pessoas vazias, sem ideais políticos, ideias brilhantes, ou um mínimo pensamento original. Recitam jornais, ideias de outros, mas nada de verdadeiramente original. São simplesmente uma montra de vidro com muitos reflexos. Nada mais. Vazios até ao mais infimo pormenor e sem a menor capacidade de brilhar realmente, alimentam-se do sol dos outros e rezam para que as nuvens nunca apareçam realmente, pois caso contrário...

Tudo o que tem é emprestado, reflectido, adquirido á força...

E o pior é que a idade tende a afastar-me dessas pessoas passo a passo. Não é que este género de criatura portuguesa tenha alg,o tipo peste bubónica. Bem longe disso, mas a verdade é que aquela pertenção absoluta me leva a gritar, gemer, e espenear, interiomente, de raiva.  E como eu odeio isso! Faz-me sentir mal... só me apatece abaná-las e explicar-lhes que a vida não é feita de reflexos.  Fi-lo uma vez, confesso. Preguei para o surdo, mudo e cego. Desisti.

Mas irritam-me!

publicado por Psyhawk às 12:41

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