Podia ter conseguido falar com ela, mas deixei escapar.
Podia hoje ter metido conversa com uma estranha no metro e deixei-a fugir.
Podia, devia, queria... o passado imperfeito parece nos últimos tempos fazer parte da minha vida.
Nada é hoje, tudo já passou.
Pode parecer quase ridículo, e eu tenho a certeza que o é, mas há uns tempos escrevi por aqui, já não me lembro bem onde, que parecia que tinha empedrecido. Me tornado uam espécie de pedra cinzenta! Que o meu coração embora batesse, só o fazia por razãoes minimamente anatómicas. O sentimento, aquilo que o torna vermelho sangue e nos faz andar nas nuvens, esse estava algures, escondido, fechado, eu sei lá...
Era como se toda aquela onda avassaladora que sempre senti quando este coração batia como se 1000 cavalos de corrida o puxassem, se tivesse transformado numa simples brisa marítima, daquelas que nem estragam as dunas da praia.
Onde foi parar o sentimento?
Onde ficou o brilho dos olhos, o palpitar do coração, a incapacidade articular uma frase como deve ser, e ter os pensamentos algo perversos mas engraçados?
Onde está tudo aquilo que sempre me fez vibrar, que me fez querer agarrar a vida com mais força, lutar por ficar ao lado de alguém?
Terá ido de férias? Viajado para o norte do pais? Enterrado-se nas areias do deserto?
Expliquem-me, porque começo a ficar confuso com este coração que bateu a última vez há muito tempo...e desde ai fechou para obras.
E acho que são piores que as de Santa Ingrácia!